Roteiro dos Tantãs
Treze de Maio
Treze de maio traição,
Liberdade sem asas
E fome sem pão
Liberdade de asas quebradas
Como
Este verso.
Liberdade asa sem corpo:
Sufoca no ar,
Se afoga no mar.
Treze de maio– já dia 14
O Y da encruzilhada:
Seguir
Banzar
Voltar?
Treze de maio – já dia 14
A resposta gritante:
Pedir
Servir
Calar.
Os brancos não fizeram mais
Que meia obrigação
O que fomos de adubo
O que fomos de sola
O que fomos de burros cargueiros
O que fomos de resto
O que fomos de pasto
Senzala porão e chiqueiro
Nem com pergaminho
Nem pena de ninho
Nem cofre de ouro
Nem com lei de ouro
O que fomos de seiva
De baseDe Atlas
O que fomos de vida
E luz
Chama negra em treva branca
Quem sabe só com isto:
Que o que temos nós lutamos
Para sobreviver
E também somos esta pátria
Em nós ela está plantada
Nela crispamos raízes
De enxerto mas sentimos
E mutuamente arraigamos
Quem sabe só com isto:
Que ela é nossa também,
sem favor,
e sem pedir respiramos seu ar
A largos narizes livres
Bebemos à vontade de suas fontes
A grossas beiçadas fartas
Tapamos-destapamos horizontes
Com a persiana graúda das pálpebras
Escutamos seu baita coração
Com nosso ouvido musical
E com nossa mão gigante
Batucamos no seu mapa
Quem sabe nem com isso
E então vamos rasgar
A máscara do treze
Para arrancar a dívida real
Com nossas próprias mãos.
Oliveira Silveira
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